Ex-presidente catalão julgado por permitir votação sobre independência

ARCHDC. Barcelona, 28 de septiembre de 2015. Rueda de prensa de Junts pel si. Artur Mas, Raul Romeva, Carme Forcadell, Oriol Junqueras, Muriel Casals Foto: IGNACIO GIL.
Mas, Ortega e Rigau sentam hoje no banco dos réus, acusados de desobediência e prevaricação

O olhar internacional se volta nesta segunda-feira (06) para Barcelona, onde pela primeira vez um ex-presidente da Catalunha será levado a julgamento pelo Tribunal Superio de Justiça. Artur Mas é acusado de ter permitido que a população se manifestasse através do voto, em 9 de novembro de 2014, sobre a independência. Também são rés as ex-secretárias Joana Ortega e Irene Rigau. O Ministério Público pede inabilitação política de dez anos e 36 mil euros de multa sob a acusação de desobediência e prevaricação.

BCN Frente Tribunal
Na madrugada, já era grande o número de pessoas `espera de Artur Mas

Espera-se que em torno de 50 mil pessoas acompanhem o ex-presidente e as ex-secretárias do Palácio da Generalitat, no centro de Barcelona, até a sede do tribunal. O acontecimento será acompanhado por mais de 300 jornalistas, um terço deles correspondentes internacionais. O blog Mundo Afora também acompanha o evento, fazendo transmissão através do Twitter através da conta @TaizaBritoPE.
O julgamento coloca mais lenha na fogueira na relação engtre Espanha e Catalunha. Os soberanistas alegam que o governo central promove um ataque à democracia ao julgar Mas simplesmente por colocar urnas para uma votação. Madri responde que a constituição espanhola não permite a dissolução do território e por isso não se pode chamar a população a manifestar-se sobre o tema.
A votação de 9 de novembro de 2014 foi considerada um êxito pelos independentistas. Mais de 2,3 milhões compareceram às urnas e cerca de 70% se pronunciaram favoráveis à separação da Espanha. Contudo, não teve efeito vinculante.
Vários políticos e representantes de entidades soberanistas devem acompanhar Mas. Entre eles o atual presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, e a presidente do Parlamento Regional, Carme Forcadel, também alvo de processo judicial por parte do governo espanhol.
As milhares de pessoas que pretendem estar ao lado do ex-presidente na caminhada atenderam ao chamado da Assembleia Nacional Catalã (ANC), Óminium Cultural e Associação dos Municípios pela Independência (AMI). Os populares confirmaram a presença se inscrevendo através da internet.
O julgamento acontece num momento em que os analistas políticos avaliam estar em curso um choque de trens entre Espanha e Catalunha. O governo central, que se opõe ao projeto independentista, aumentou o tom na última semana. E fez saber que pretende intervir na Catalunha caso prosperem os planos do atual presidente Carles Puigdemont de realizar um referendo sobre a independência.
A ameaça do primeiro ministro Mariano Rajoy veio depois de uma série de passos estratégicos de Puigdemont, que trabalha para obter um posicionamento da comunidade europeia sobre o assunto. O presidente catalão se mostra firme no propósito de realizar o referendo e, com aval popular, proclamar a república e iniciar a confecção de uma nova constituição.
O ano de 2017 está sendo considerado chave para resolução do impasse. Resta saber se algum dos condutores dois trens está disposto a parar.

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