CNN “nocauteia” Donald Trump ao conquistar confiança da maioria dos norte-americanos

Na lona: Sondagem realizada pelo SurveyMonkey com 4695 eleitores apurou que a maioria confia mais na CNN que em Trump

Sondagem do SurveyMonkey apurou que 50% dos eleitores entrevistados confia mais na rede televisiva que no presidente Trump (43%)

Após Donald Trump ter publicado o vídeo no qual agride um homem com o logotipo da CNN, uma sondagem feita pelo SurveyMonkey – divulgada hoje pela Newsweek mostra que o presidente norte-americano é quem parece estar na lona. O levantamento realizado entre 30 de junho e 3 de julho com 4695 eleitores apurou que a maioria confia mais na CNN que em Trump.
Do total de entrevistados, 50% disseram tem mais confiança no canal televisivo, alvo de recorrentes ataques por Donald Trump, contra 43% que confiam mais no líder do país. 7% indicaram não saber em quem depositar confiança. O índice de confiança da CNN aumenta entre os eleitores que se classificam como independentes. Entre estes, o número dos que confiam mais na CNN é de 55%, enquanto 40% a optam por Trump e 5% dos inquiridos se mostra indeciso.
“A luta entre a Casa Branca e grandes organizações midiáticas tornou a questão da veracidade tão partidária quanto o sistema de saúde ou outras questões políticas”, explicou Jon Cohen, vice-diretor de sondagens do SurveyMonkey.
O relacionamento de Trump com os jornalistas tem sido tempestuoso e marcado por uma série de ataques por parte do presidente, muitos deles desferidos antes mesmo dele ter vencido as eleições de novembro. Na corrida à Casa Branca, o então candidato republicano aproveitou comícios para se queixar que era perseguido pela imprensa. Chegou até a sugerir que como presidente alteraria as leis de difamação em vigor no país para processar repórteres que escrevessem textos incovenientes sobre ele e a sua família.
Desde a posse, em 20 de janeiro, Trump tem utilizado sua conta no Twitter para criticar o que ele denominou de meios de comunicação falsos (fake news). Os ataques mais duros vem sendo direcionados aqueles empenhados em investigar escândalos e suspeitas de ilegalidades sobre o presidente e a sua equipe, como o alegado conluio com a Rússia para impedir que Hillary Clinton vencesse as eleições presidenciais.


Um dos ataques mais polêmicos aconteceu no início desta semana, quando Trump publicou na sua conta no Twitter o vídeo no qual aparece golpeando um homem que tem no local da cabeça o logotipo da CNN. Os críticos do presidente chamaram a atenção ao fato dele recorrer a um vídeo manipulado para atacar um canal que acusa de disseminar falsidades, incentivando atos violentos contra jornalistas.
“É um dia triste quando o presidente dos Estados Unidos encoraja violência contra repórteres”, reagiu a CNN após a veiculação do vídeo. Em comunicado, o canal acusou Trump de “estar envolvido em comportamentos infantis muito aquém da dignidade do gabinete que ocupa”. E acrescentou: “Vamos continuar a fazer o trabalho que nos compete. Ele deve começar a fazer o dele.”
Na ocasião, vários meios de comunicação dentro e fora dos EUA, incluindo o israelita “Haaretz”, denunciaram que o criador do vídeo é um utilizador do Reddit, HanAssholeSolo, que tem um histórico de declarações antissemitas e islamofóbicas na internet.
CENSURA – O tratamento de Trump com os jornalistas na Casa Branca também tem chamado a atenção negativamente. Em diversas ocasiões foram emitidas ordens para impedir os jornalistas acreditados de filmarem as coletivas de imprensa. Durante quatro dias no final de junho, os porta-vozes da administração só aceitavam responder a perguntas se os jornalistas desligassem as câmaras e os gravadores. Em 22 de junho, o governo distribuiu um documento proibindo os jornalistas de noticiar a própria proibição da cobertura.
Em fevereiro, a Casa Branca já tinha impedido pelo menos oito meios de comunicação, incluindo a CNN, a BBC, o New York Times e o Politico, de participarem numa coletiva de imprensa.

 

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