Eurodeputados condenam repressão na Catalunha, enquanto Espanha põe na mira entidades soberanistas

Parlamentares de 18 estados membros da União Europeia pediram que primeiro ministro Mariano Rajoy dialogue com a Catalunha. Enquanto isso, governo espanhol denuncia Assembleia Nacional Catalã e Òmnium por sedição 

Cerca de cinquenta eurodeputados, em Bruxelas, assinam carta enviada ao primeiro ministro da Espanha, Mariano Rajoy, na qual pedem que “pare imediatamente as ações repressivas contra a Catalunha” e abra um “diálogo político”. Os parlamentares, de seis grupos políticos e representantes de 18 estados membros da União Europeia (UE) asseguram que o referendo de autodeterminação marcado para 1º de outubro é “uma reivindicação política legítima” dos catalães.

Seis dos 14 presos na macro-operação da Guarda Civil para impedir referendo na Catalunha foram liberados hoje após depoimento à Justiça

A consulta popular é rechaçada por Rajoy, que acionou a máquina repressiva do estado espanhol contra o governo da Catalunha. Na última quarta-feira (20), a Guarda Civil, cumprindo ordem judicial, prendeu 14 membros do governo catalão acusados de estarem organizando o referendo. Hoje, os seis que continuavam presos – oito haviam sido liberados ontem – foram soltos após aundiência de instrução na justiça.
Segundo os eurodeputados, a situação catalã chegou a um “ponto crítico” e a estratégia do governo espanhol “não é somente uma violação dos direitos fundamentais básicos senão a estratégia errônea para resolcer um tema político”. “Lhe pedimos que retifique imediatamente”, dizem os eurodeputados na carta a Rajoy, a quem advertem que “o estado está praticando um abuso e um mal uso do poder”.
A carta, assinada por deputados da Irlanda, Áustria, Bélgica, Itália, Reino Unido, Letônia, Alemanha, Dinamarca, Estonia, Eslovênia, Lituania, Suécia, Romênia, Portugal, Finlândia, França e Hungria, adverte: “A vulneração da liberdade de expresão e de reunião não é aceitável nos padres democráticos da União Europeia”. E consideram o seu “dever”, como representantes europeus, “condenar as ações desproporcionadas das autoridades espanholas”.
“Os políticos, e não juízes e polícias deveriam gestionar os desacordos políticos em qualquer estado democrático europeu”, recordam. “Os debates no Parlamento da Catalunhha para convocar um referendo de independência, que têm um amplo suporte da população, não podem comportar um julgamento contra a a sua presidenta (Carme Forcadell) nem da mesa”, criticam.

Jordi Cuixart e Jordo Sànchez foram denunciados por sedição pelo Ministério Público espanhol, que age para barrar referendo sobre independência da Catalunha

DENÚNCIA POR SEDIÇÃO – Enquanto os eurodeputados clamam por diálogo, o governo espanhol mantém a estratégia repressiva. O alvo do dia são a Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Òmnium Cultural, organizações da sociedade civil soberanistas. Contra as quais o Ministério Público e a Audiência Nacional apresentaram denúncia por sedição pela organização das manifestações populares na Catalunha entre a quarta e a quinta-feira.

Populares realizaram maratona de protestos nos últimos dois dias contra ação repressiva do governo espanhol, que responde com denúncia contra entidades soberanistas

A ação menciona expressamente os presidentes de ANC e Òmnium, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart. E permite que sejam investigados todos os feitos relativos às concentrações populares após o início da operação policial Anubis, que culminou com a prisão dos 14 membros do governo catalão. São considerados réus de sedição aquelas pessoas que se alçam públicamente e provocando tumulto para impedir, pela força ou fora das vias legais, a aplicação das leis. Após a divulgação da denúncia, a ANC anunciou pelo Twitter que espera a “visita” da Guarda Civil com flores, mostrando foto da recepção onde se vê vários tipos de cravos.


As manifestações a que se referem tiveram inicio imediatamente após a ação da Guarda Civil em Barcelona, na última quarta-feira. Populares sairam às ruas em defesa do governo catalão, exigindo a liberação dos detidos. Uma maratona de protestos se espalhou por varias cidades catalãs e também em localidades de outras comunidades espanholas, nas quais se reivindicou a realização do referendo.

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