Espanha tenta asfixiar independentismo com prisão membros do governo da Catalunha

Nove integrantes do governo de Carles Puigdemont foram presos sem direito à fiança em Madri por ordem da justiça, que também expediu ordem de prisão intenacional para líder catalão, que se está na Bélgica e não compareceu à audiência

Localização de onde estão presos os secretários catalães acusados de rebelião, assim como o indicativo de onde estão Jordi Sànchez e jordi Cuixart

A Espanha deu mais passo para asfixiar o independentismo catalão com a prisão de nove membros do governo do presidente Carles Puigdemont. Acusados de rebelião, sedição e malversação, os secretrários Josep Rull, Jordi Turull, Texell Borràs, Dolors Bassa, Santi Vila, Carles Mundó, Raül Romeva, Joaquin Forn e o vice-presidente Oriol Junqueiras foram presos após depor na Audiência Nacional, em Madri, nesta segunda-feira.
A prisão, sem direito à fiança, com exceção para Santi Vila, para quem foi estabelecido 50 mil euros para liberação, foi decretada pela juíza Carmen Lamela, que aceitou os pedidos feitos pelo procurador público Miguel Ángel Carballo pela organização do referendo de 1º de outubro e a proclamação da república no dia 27.  Ao decretar a ordem, a magistrada alegou a “existência de uma alta probablidade de ocultação, alteração e destruição de provas”. Além de um “risco de reiteração delitiva e alto poder aquisitivo que permitiria aos acusados abandonar o território e subsistir no estrangeiro”.
Lamela também emitiu uma ordem de detenção internacional contra Puigdemont e os secretários Antoni Comín, Meritxell Serret, Puig e Clara Ponsatí. A decisão foi remetida às autoridades da Bélgica, onde o líder catalão está desde a última segunda-feira para denunciar no coração da Europa falta de garantias jurídicas no tratamento da questão por parte da justiça espanhola. Que ao seu ver estaria atuando a serviço do governo do Partido Popular (PP) do primeiro ministro Mariano Rajoy.
“Ao invés de optar pelo diálogo, o estado espanhol optou pela violência policial, prisões e a repressão”, declarou Puigdemont em depoimento divulgado à noite. Ele destacou que a Catalunha não é mais um caso interno da Espanha, instando a União Europeia (EU) a intermediar uma solução política entre as partes. “Como presidente legítimo da Catalunha, exijo a liberação dos secretários e do vice-presidente”, disse no vídeo.
Como faz com acusados de terrorismo, a justiça decidiu enviar os secretários a centros de detenções distintos. Com as críticas geradas pela medida, voltou atrás e enviou os homens a Estremera e as mulheres a Alcalá Meco, na comunidade de Madri. Em Soto Real, estão Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, líderes da Assembleia Nacional Catalã e Òmnium Cultural, respectivamente, acusados de sedição por organizar as manifestações em favor da independência.
O vice-presidente Oriol Junqueiras deixou uma carta, na qual pede que os partidários pela independência mantenham-se firmes na defesa da democracia e trabalhem para ganhar a liberdade. “Sigam trabalhando para que se respeitem os direitos civis e políticos de todos e de cada um dos cidadãos da Catalunha seja qual fora sua língua, ideología ou apção política”, escreveu.

Manifestante em frente do parlamento da Catalunha, onde houve protesto contra prisão dos secretários do governo catalão

A prisão dos membros do governo catalão gerou uma série de protestos na frente dos parlamentos de diversas cidades. Em Barcelona, uma multidão se reuniu no parque Ciutadella, onde fica o prédio do legislativo. Às 22h, foi realizado um panelaço por todo território. Outras manifestações estão sendo programadas para os próximos dias e se estuda a convocatória de uma greve geral.

MEMBROS DO PARLAMENTO – A presidente do Parlamento da Catalunha, Carme Forcadell, e cinco membros da mesa, também deporam hoje em Madri, mas foram ouvidos no Tribunal Superior de Justiça. Eles foram liberados até o dia 9 de novembro, sob vigília policial, após terem acatados pedidos para preparar a defesa, uma vez que foram notificados da audiência com menos de 24 horas. Os membros do governo presos também haviam sido notificados oficialmente de um dia para o outro, mas não tiveram os mesmo argumentos aceitos pela Audiência Nacional.

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