Espanha ameaça cortar financiamento da Catalunha para impedir referendo

Governo de Mariano Rajoy aperta o cerco contra a administração de Carles Puigdemont, que pretende realizar votação sobre a independência

A Espanha se prepara para asfixiar financeiramente o governo da Catalunha caso o presidente regional Carles Puigdemont use recursos públicos para realizar o referendo sobre a independência, previsto para 1º de outubro. A medida prevê a realização de um controle de gastos semanal do governo catalão, que será monitorado por interventores e fiscais fazendários.
Os responsáveis pelo monitoramento deverão informar ao governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy qualquer movimentação financeira que esteja relacionada ao referendo. Caso o executivo catalão não cumpra com normativa, Madri suspenderá a transferência de dinheiro através do Fundo de Liquidez Autonômica (FLA), do qual Catalunha já teria recibido 58 milhões de euros desde 2012. O FLA é uma linha de crédito que foi criada em 2012, durante a crise econômica, para que as comunidades autonômas da Espanha pudessem pagar dívidas com bancos e entidades financeiras.

Iñigo Mendez anunciou que receita da Catalunha será bloqueada caso recursos públicos sejam utilizados na organização do referendo

A medida foi anunciada na manhã de hoje pelo portavoz do governo, Iñigo Mendez, após aprovação pelo Conselho de Ministros do governo espanhol. Segundo explicou Méndez, o governo apenas está cumprindo sentença do Tribunal Constitucional (TC) que anulou o orçamento catalão destinado ao referendo sobre a independência. “No caso de serem realizados gastos para os preparativos da consulta ilegal, o governo tomará outro tipo de medidas diante das autoridades competentes”, destacou.
A entrada em vigor da normativa, que para o governo madrilenho é preventiva, é imediata. “Se trata de uma medida preventiva a favor da segurança e do bem estar dos catalães, para garantir que o dinheiro vá para os serviços públicos essenciais e não para um referendo ilegal”, completou Méndez.
INTENÇÃO DE VOTO – A divulgação da normativa coincidiu com a divulgação da última pesquisa do Centro de Estudos de Opinião (CEO) da Catalunha sobre a intenção de voto no referendo. Os resultados geraram confronto entre os meios de comunicação de Madri e da Catalunha.
Isso porque os catalães destacaram os dados que mostram que 67,5% da população com direito a voto está disposta a votar no referendo. E deste total, 62,4% votariam a favor da independência, enquanto 37,6% votariam contra. Os madrilenhos, por sua vez, chamaram atenção para a resposta à pergunta genérica que questiona se o entrevistado está a favor ou contra que a Catalunha se torne um estado independente. Neste caso, 49,4% responderam que são contra e 41,1% a favor.
A diferença entre as duas questões, é que no caso da primeira, está projetada a real intenção de voto dos entrevistados. Enquanto na segunda pergunta, não é levado em conta se os eleitores vão votar ou não.

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