Puigdemont convoca parlamento a atuar diante da ameaça de intervenção na Catalunha

Na sessão prevista para a próxima sexta-feira, será analisada reativação da declaração de independência. Puigdemont qualificou proposta de interveção como “intenção do Estado de liquidar o autogoverno e a democracia”

Puidemont considerou decisão do governo espanhol como pior ataque às instituições catalãs desde Franco

A resposta aos planos do governo espanhol de intervir na Catalunha foi dada por Carles Puigdemont às 21h (horário local) através de pronunciamento oficial na televisão. O presidente catalão convocou o pleno do parlamento para decidir como atuar diante da “intenção do Estado de liquidar o autogoverno e a democracia”.
Tudo indica que na sessão, prevista para a próxima sexta-feira, Puigdemont reativará a declaração de independência suspensa por ele próprio no último dia 10. Com isso, o pleno coincidirá com a sessão no Senado espanhol, em Madri, no qual será votada a proposta de intervenção na Catalunha.
Se as duas sessões coincidem, haverá desconexão de em duas esferas. Enquanto em Madri, o Senado decidirá chancelar a intervenção das instituições catalãs, em Barcelona se certificará a ruptura com o estado validando a declaração de independência.
Puigdemont poderá optar por dois caminhos. Além declarar a independência, poderá convocar de maneira imediata eleições ou optar por um governo de concentração. A primeira opção tem apoio de algumas vozes do PdCAT, partido de Puigdemont, enquanto a segunda é chancelada pela Esquerda Republicana (ERC), sigla do vice-presidente Oriol Junqueiras.
Na segunda-feira,a junta de porta-vozes do parlamento catalão se reúne para definir a data da sessão solicitada por Puigdemont.
De momento, o líder catalão convocou a sociedade a continuar defendendo as instituições de maneira “pacífica e civilizada diante da ameaça do Estado”. No pronunciamento falou em catalão, espanhol e inglês, dirigindo-se também aos cidadãos de outras comunidades epanholas e europeus.
O presidente qualificou a atitude do estado como “o pior ataque às instituições catalãs desde os decretos do ditador Francisco Franco abolindo a Generalitat (nome do governo)”. “Querem decidir dentro de escritórios o que os catalães decidiram nas urnas”, enfatizou, recordando que o governo e parlamento catalães foram eleitos democraticamente.
“O governo espanhol se autoproclamou de maneira ilegítima representante da vontade dos catalães”, disse. Puigdemont também criticou o apoio à medida por parte do PSOE (que fazia oposição a Rajoy), do Cidadãos e da monarquia, que não era a primeira vez que participava de um golpe contra a Catalunha.
Tendo no fundo uma senyera, a bandeira do governo catalão, e outra da União Europeia, Puigdemont advertiu, em inglês, que “se os valores comunitários estão em risco na Catalunha, também estão em todo continente”. Ele recordou a violência policial aplicada contra a população durante o referendo de 1 de outubro e das sucessivas negativas de Madri em sentar para negociar.

Carme Forcadell garantiu que Parlamento da Catalunha não dará nenhum passo atrás e prometeu defender mandatos de deputados eleitos em votação legítima

Antes de Puigdemont, a presidente do parlamento, Carme Forcadell, fez um pronunciamento contundente contra o anúncio da aplicação do artigo 155 da constituição. “Trata-se de um golpe de estado de fato, impulsionado por Rajoy, a quem qualificou de “irresponsável”.
“Não daremos nem um passo atrás”, frisou Forcadell, ao dizer que defenderá o mandato de parlamentares eleitos legítimamente pelo povo. “Os cidadãos nos elegeram como seus legítimos representantes e é a eles que devemos prestar contas”, completou.

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