Médicos catalães usam eletrodos para frear sintomas da esquizofrenia

Joan Molet Iluminada Corripio Enric Alvarez
Os médicos Joan Molet, Iluminada Corripio e Enric Alvarez, coordenadores do estudo

Médicos do Hospital Sant Pau, de Barcelona, na Espanha, apresentaram os primeiros resultados de um tratamento pioneiro no mundo no combate aos sintomas da esquizofrenia. Uma paciente de 47 anos, afetada há 20 anos pela doença, está há quatro meses sem sofrer alucinações auditivas, delírios, obsessões e outros sintomas da patologia.
Isso depois de ter sido submetida a uma cirurgia que consiste na colocação intra-cranial de eletrodos para estimular o cérebro. A mulher, que tem diagnosticada uma esquizofrenia paranoica havia sido declarada inválida permanente, uma vez que os sintomas da enfermidade só pioravam. Tinha dificuldades de sair de casa e havia perdido grande parte de seu círculo de amizades.

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Como muitos outros afetados pela doença – 35% dos casos – os habituais tratamentos farmacológicos não funcionavam mais ou tinham um efeito limitado na paciente. “Optamos por uma nova linha de trabalho porque todas as medidas terapêutica haviam sido esgotadas”, explicou a psiquiatra Iluminada Corripio. Ela apresentou os resultados do tratamento, no início deste mês juntos com os outros dois coordenadores da operação, os médicos Joan Molet i Enric Álvarez.
FASE CIRÚRGICA – Os eletrodos, pequenas estruturas de quatro mil milímetros, foram colocados no interior do cérebro, e recebem os impulsos para funcionar graças a uma espécie de gerador, um marcapasso colocado abaixo da pelo do abdome, que os médicos podem controlar a distância.
Cerebro

A equipe médica informou que os eletrodos emitem leves descargas de maneira rítmica que tem como objetivo, entre outros aspectos, estimular os circuitos de produção da dopamina. Os eletrodos foram colocadas nas áreas do cérebro vinculadas às doenças mentais.
Cirurgias similares de estimulação cerebral profunda já haviam sido feitas no hospital para tratar ou conter sintomas da depressão e do Mal de Parkinson, mas esta é a primeira vez no mundo que é feita para tratar a esquizofrenia.
A mulher operada, que se chama Elena, operada há sete meses, faz parte de um grupo de oito pacientes voluntários que seguirão o mesmo tratamento. Dois outros já se submeteram à cirurgia recentemente e ainda é cedo para avaliar os resultados. O estudo ainda está em fase preliminar.
No caso de Elena, dois meses depois da intervenção, os chamados “efeitos positivos”, como delírios e alucinações auditivas desapareceram completamente. Agora a equipe médica está centrada em diminuir os sintomas “negativos”, majoritariamente psicológicos, em função do isolamento vivido durante duas décadas.
Segundo os médicos, Elena agora está redescobrindo o mundo. “Já sai na rua sem problemas. Um dos caminhos agora é reconstruir um plano de vida depois de 20 anos de inatividade”, explica a médica.
Elena também demonstra melhora emocional e já consegue participar de reuniões familiares. “Também melhorou a sua fluidez verbal”, acrescentou Corripio. Que completou: “Sua vida, até agora, dependia exclusivamente da ajuda materna. Agora está progredindo em direção à autonomia pessoal”. Os três últimos anos foram os piores na vida de «Elena, que teve inúmeras crises. Depois da operação, em dezembro de 2014, não voltou a ser internada.
Mesmo diante dos resultados, os médicos do Hospital Sant Pau são cautelosos. E ressaltam que o tratamento não cura, mas controla os sintomas. “O que aspiramos é reduzir ao máximo os sintomas”, enfatiza Enric Álvarez, diretor da área de Psiquiatria do hospital.
“A expectativa atual não é curar, mas sim melhorar a sua vida”, acrescentou Carripio. “Contudo, quem sabe no futuro o tratamento poderá ter um efeito permanente”. O projeto, liderado pelo grupo de investigação de Psiquiatria do Hospital Sant Pau, com financiamento do Instituto Carles III, prevê a intervenção nos 20 pacientes voluntários, todos resistentes a terapias habituais. Na Espanha, estima-se que 1% da população sofre de esquizofrenia, cerca de 400 mil pessoas e entre 30% e 50% apresentam resistência aos tratamentos ordinários.

2 thoughts on “Médicos catalães usam eletrodos para frear sintomas da esquizofrenia

  • 13 de agosto de 2015 em 12:05
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    Olá fiquei muito feliz de ler esta reportagem pois não durmor direito preocupada com minha filha de 23 que dero o diaguinostico que sofre de esquizofrenia a2anos mais ela é muito boa toma toda medição e faz de tudo para não engordar com os remédios em fim !!

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  • 26 de julho de 2016 em 23:17
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    Olá, gostei do artigo. É bem fundamentado e com excelentes dicas. Espero ter outros com essa qualidade.

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