Um milhão clama pela república e contra a repressão na Diada da Catalunha

Celebração da Diada da Catalunha, em Barcelona, demonstra que movimento independentista não se curva à repressão espanhola. Manifestantes também exigiram libertação dos políticos presos e exilados

Um banho de civismo foi a resposta do independentismo catalão à onda de repressão que vem sendo aplicada pelo estado espanhol contra o movimento desde a realização do referendo de independência de 1º de outubro de 2017. Um milhão de pessoas ocuparam a Avenida Diagonal, em Barcelona, na tarde desta terça-feira (11), para reivindicar o direito à autodeterminação, a libertação dos políticos presos, a volta dos exilados, além da efetivação da república proclamada em 27 de outubro do ano passado.
A manifestação, convocada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC), transcorreu num ambiente festivo, familiar e de forma pacífica, sem registro de nenhum incidente. A multidão se distribuiu em trajetos determinados previamente em inscrição feita pela internet, lotando uma das principais artérias da capital catalã desde o bairro de Glórias até o Palácio Real, em Les Corts, num trecho de mais de seis quilômetros.
Exatamente às 17h14 a multidão fez silêncio e logo após o lançamento de fogos de artifício, protagonizou uma onda gigante de reivindicação, que foi repetida de uma ponta a outra da avenida, com os manifestantes alçando suas bandeiras, cartazes, faixas e clamando por liberdade e pela república. No final da onda, um muro simbólico foi derrubado no cenário principal da avenida,  representando a queda dos obstáculos e adversidades que enfrentados nos últimos meses pelo independentismo.

A presidente da ANC, Elisenda Paluzie, destacou que apesar da repressão, o movimento não renunciou aos seus objetivos, senão que agora enfrenta o desafio com mais “responsabilidade, fortaleza e determinação”. Paluzie advertiu que diante há um estado disposto a reprimir a autodeterminação vulnerando direitos individuais. Contudo, se disse estar segura de que esta sociedade “é capaz de ganhar deste estado autoritário”, tal como demonstrou em 1º de outubro. “Ganhamos o direito à independência. Este projeto se mostra radicalmente democrático e que nasce de baixo”, ressaltou.

O vice-presidente da Òmnium Cultural, Marcel Mauri, descreveu o 1º de outubro como “o ato de desobediência e autodeterminação mais importante da Europa nas últimas décadas” e enviou uma mensagem ao primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez: “Votar nunca é delito”. Também enviou um recado aos partidos políticos, pedindo sentido de estado, unidade, rigor, firmeza e determinação”, numa referência às desavenças entre as siglas independentistas.
Mauri disse que a sociedade civil estará preparada para enfrentar os julgamentos de seus líderes, previsto para o outono, e que “nem a prisão, nem o exílio, nem a violência são limites para os independentistas”.
Da Bélgica, onde está exilado, o ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, mandou um recado ao governo espanhol: “Que abandonem toda a esperança de que tudo que fizeram para nos reprimir, decapitar e liquidar, tenha o efeito que buscam de desmobilizar o povo da Catalunha. Sobre mensagem no Twitter escrita pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, que disse que “na Catalunha há um problema de convivência,” o líder catalão rebateu: “O que vimos hoje foi milhares e milhares de pessoas convivendo pacificamente. Já é hora de Sánchez abandonar estes esteriótipos que moviam Rajoy”, em referência ao antecessor do mandatário espanhol.

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