Ruptura diplomática entre Espanha e Flandes por conta da prisão dos líderes catalães

Espanha retira status diplomático do representante de Flandes em Madri por conta das críticas do presidente do parlamento, Jan Peumans, à prisão dos líderes independentistas

Borrell (D) retirou status diplomático do representante de Flandes em Madri pelas críticas de Peumans sobre a prisão dos líderes independentistas

 Espanha declarou guerra à Flandes, uma das três regiões que compõem a Bélgica e tem como capital Bruxelas, por causa dos líderes catalães presos. Indignado com as declarações do presidente do Parlamento flamenco, Jan Peumans, que questionou a qualidade da democracia no país por conta do trato justiça espanhola com os políticos e ativistas independentistas, o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez (PSOE) retirou o status diplomático do delegado de Flandes em Madri.

Debate no Parlamento de Flandes sobre a retaliação diplomática da Espanha

A decisão, anunciada pelo ministro de Assuntos Estrangeiros, Josep Borrell, foi duramente criticada na tarde de hoje Parlamento de Flandes, onde políticos de todas as vertentes reforçaram as críticas de Peumans. À imprensa, Borrel disse que “Espanha não pode se permitir que uma vez e outra o presidente de um parlamento diga que somos um país que deve ser expulso da União Europeia. A notícia ganhou destaque nos entre as manchetes da mídia internacional.

Em entrevista à Rádio 1 (VTR), Pulmans reclamou da medida do governo espanhol e reiterou seu posicionamento. “Repito, para mim é indigno em um estado de direito que políticos que defendem a sua opinião política estejam trancados em uma prisão”. Na mesma emissora, o presidente de Flandes, Geert Bourgeois, considerou o gesto “pouco amistoso e inédito na história da União Europeia”

Na tarde de hoje, a decisão da Espanha foi debatida no parlamento de Flandes, onde políticos de vertentes diferentes defenderam o direito à liberdade de expressão e defenderam Peumans. Muitos deles, inclusive, colocaram na lapela o laço amarelo que simboliza a campanha de solidariedade em favor dos presos e exilados catalães.

Bourgeois foi à tribuna falar sobre “o grave incidente diplomático”. “Neste Parlamento há unanimidade, à direita e à esquerda, que a decisão da Espanha e desproporcional”, lembrando que existe liberdade de expressão em Flandes, inclusive para o presidente do parlamento. O presidente lembrou que a Bélgica é um estado federal onde Flandes também tem status diplomático e disse confiar que se possa resolver a questão através do diálogo.

O deputado do N-VA, Jan van Esbroek, representante do grupo majoritário no legislativo, disse que Espanha está vulnerando a liberdade de expressão e que isso preocupa. O representante do Open Vla Rik daems (liberal) considerou inaceitável negar o status diplomático do representante do governo flamenco em Madri por conta da opinião de um deputado. O democrata cristão Ward Kennes pediu abertamente a liberdade dos presos independentistas catalães e criticou a repressão policial ocorrida durante o referendo de 1º de outubro de 2017 na Catalunha. “O nosso grupo condena a violência excessiva que foi usada no referendo pela polícia contra os cidadãos catalães. E considera que os políticos eleitos devem estar no Parlamento e não na prisão”, completou.

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