Justiça espanhola envia à prisão independentistas acusados de “terrorismo”

Notícia provocou protestos em toda Catalunha, onde ação é vista como estratégia para enfraquecer movimento que defende separação da Espanha

Advogado dos presos enviados a Soto del Real, em Madri,  reclamam da incomunicabilidade dos clientes e alegam que se está aplicando “terrorismo de estado”

A notícia de que o juiz da Audiência Nacional, Manuel García Castellón, decretou hoje prisão incondicional dos sete independentistas detidos pela Guarda Civil na última segunda-feira, na Catalunha, aumentou a indignação dos defensores do independentismo. A primeira reação se deu no parlamento, onde os partidos Juntos por Catalunha (JxCat), Esquerda Republicana (ERC) e Candidatura de Unidade Popular (CUP) convocaram uma junta de porta-vozes extraordinária.

Os partidos independentistas têm claro que a prisão de cidadãos comuns, integrantes dos Comitês de Defesa da República (CDRs), trata-se de uma operação de estado para criminalizar o movimento. Isso porque são frágeis os indícios que sustentam a acusação de pertencimento à organização terrorista, conspiração e fabricação e posse de bombas. No arrazoado, o juiz, diz que os presos pertencem à “Equipe de Resistència Tàctica (ERT), uma organização com estrutura hierarquizada que pretende instaurar a República Catalã por qualquer via, incluso a violenta”.

A ação da justiça está sendo reputada como “terrorismo de estado”, com vistas a espalhar o medo na região a poucos dias do anúncio da sentença dos ativistas e políticos presos há dois anos sob acusação de sedição, rebelião e malversação de fundos públicos. Que estão encarcerados por conta da organização do referendo de 1º de outubro de 2017 e posterior declaração da reública, levantando a irá do estado espanhol. Há receio por parte do governo central que as manifestações pró-independência voltem a ganhar força no caso de uma dura condenação já esperada.

Ruas de diversas cidades da Catalunha foram tomadas por manifestantes em solidariedade aos integrantes dos CDRs presos. Protestos foram seguidos de panelaços

A indiganção fez com que cidadãos de diversos municípios acudissem espontaneamente às ruas para se manifestarem nas praças diante das prefeituras, a partir das 20h ((15h no horário de Brasília). Em Barcelona, o protesto se concentrou na Praça Santa Jaume, diante do Palácio da Generalitat, com as pessoas seguindo depois em passeata pela Via Laetana em solidariedade aos “novos presos políticos”.

Do exílio na Bélgica, o ex-presidente Carles Puigdemont, se manifestou nas redes sociais. “A escalada da repressão busca provocar e atacar a nossa resiliência, esgotar a nossa paciência e erosionar o que sabemos que é um dos valores indiscutíveis do nosso movimengt: o compromisso a conduzir-nos pelos caminhos da não-violência. Puigdemont se referia ao fato, sempre destacado, do caráter pacífico do movimento independentista catalão.

Os presos foram encaminhados para a prisão de Soto de Real, em Madri, após serem ouvidos na Audiência Nacional. Isso sem direito a contato com os advogados de defesa e depois de 72 horas sem contato nem com os familiares. A penitenciària é a mesma onde ficaram os ativistas e políticos catalães antes de serem transferidos para centros de detenção na Catalunha.

Os familiares e grupos de suporte dos integrantes dos CDRs presos qualificaram o operativo policial de “infame” e reiteraram que “o independentisme não é terrorismo”. “Nos querem presos, atemorizados e fracos, contudo a nossa força é a que se alçou no 1º de outubro”, afirmou chorando a porta-voz dos familiares. Que teve que interromper seu discuirsos várias vezers em meio de gritos de “Todos somos CDR!” e “Não temos medo!” das centenas de pessoas que se concentraram diante da Prefeitura de Sabadell, cidade de dois dos presos.

Familiares dos presos leram manifesto em ato realizado em Sabadell

O grupo de suporte exigiu a liberdade imediata e absolvição dos acusados e fez um cgamado à mobilização. “É uma batalha que ganharemos e convocamos a sociedade catalã e espanhola a fazer front à inèrcia repressiva do Estado”.

 

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