Hope, exemplo de vida e esperança 4 anos após resgate na Nigéria

Lembra do raquítico nigeriano salvo após ser abandonado pela família sob a falsa crença que era bruxo? Esqueça essa imagem, Hope agora é um garoto feliz, saudável e bem cuidado

Hope, agora com 6 anos, cheio de vitalidade. Foto: Anja Ringgren Lovén/Facebook

Há histórias que merecem ser contadas inúmeras vezes e acompanhadas ao longo do tempo. Por isto volto ao caso de Hope, um pequeno nigeriano cuja vida foi salva pela pela dinamarquesa Anja Ringgren Lovén e o africano David Emmanuel Umem, da ONG DINNødhjælp, Fundação para a Ajuda, a Educação e o Desenvolvimento das Crianças Africanas (Acaedf na sigla em inglês). O salvamento aconteceu em 30 de janeiro de 2016 e comoveu o mundo. Na época, o garotinho à beira da morte foi encontrado perambulando numa aldeia da Nigéria após ser abandonado pela família pela falsa crença de que portava o mal dentro de si – através da qual se pensam que são bruxos. Naquele dia, foi batizado por Anja como Hope – que significa esperança em inglês.

Aqui no Blog Mundo Afora contei como foi o resgate de Hope e tempos depois publiquei outros textos relatando sua evolução. Esta semana, quatro anos após a primeira postagem de Anja no Facebook contando como localizaram o garoto, com fotos da então situação de abandono dele, voltei ao perfil da ativista e o que encontrei foi muito animador. Um post com a celebração dos quatro anos do resgate acompanhado de um texto emocionante e fotos de um menino saudável e alegre, que está crescendo cercado de e amor e cuidados.

Anja tatuou nome de Hope nos dedos por acreditar que a criança resgatada sobreviveria. Estava certa

Hope agora tem 6 anos e não lembra em nada o garotinho raquítico que buscava comida no lixo e tinha o corpo cheio de feridas. “Hoje, 30 de janeiro (2020), faz exatamente quatro anos que resgatamos Hope. Acho que muitas pessoas do mundo viram e ouviram falar da famosa foto de Hope e eu, ajoelhada diante do seu corpo desnutrido faminto para lhe dar água”, escreve Anja no primeiro parágrafo.

E continua: “Não quero partilhar aquela foto hoje. Em vez disso, compartilho imagens de como ele é hoje. Um jovem muito forte, inteligente, engraçado e lindo, que apesar de todas as probabilidades, sobreviveu”. Anja explica que Hope já viu a “famosa fotografia” muitas vezes, para a qual apontava e sorria como se estivesse orgulhoso de identificar que se tratava dele mesmo.

“Mas eu sei que não se trata de orgulho. Crianças nascem com a capacidade de perdoar. Crianças nascem sem preconceitos. E quando as crianças são ensinadas o que pensar e não como pensar, nós falhamos como sociedade”, reflexiona, ao acrescentar: “Criamos o Hope para odiar os pais que o abandonaram, o acusaram de ser bruxo e o deixaram sozinho na rua para morrer? Não, claro que não”, diz Anja.

A ativista aproveita para explicar que “a superstição é causada pela falta de educação estrutural, pobreza extrema, fanatismo religioso e corrupção. “Nenhuma sociedade pode se desenvolver se as pessoas são privadas de direitos humanos básicos, como o acesso à educação, cuidados de saúde e proteção social”, remarca, frisando que a educação é o investimento mais poderoso numa sociedade e a maior arma contra a ignorância.

Anja relata que como todas as outras 74 crianças abrigadas pela ONG, Hope vai para a escola todos os dias. Diz também que o garoto sabe que o ódio é um grande fardo e que tudo que o ser humano precisa é amor.A ativista lamenta que não possa publicar uma foto de Hope com o marido Emmanuel, que na data da postagem estava trabalhando em um projeto que a ONG vai lançar em breve. Hope aparece ao lado do diretor de Desenvolvimento Infantil, Nsdibe Orok, que também participou do seu resgate há quatro anos atrás e é muito querido pelo menino.

Hope e Nsdibe Orok, diretor de Desenvolvimento Infantil, que também participou do resgate do garoto. Foto: Anja Ringgren Lovén/Facebook

Ao final, Anja faz uma declaração de amor: “Nós amamos você Hope. Você conquistará o mundo”. Que bons ventos levem o menino esperança tranquilo por este caminho.

Leia mais sobre Hope:

Hope: um sopro de esperança para as crianças “bruxas” da Nigéria

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