800 artistas e intelectuais franceses apelam: “Dignidade para os imigrantes de Calais”

An aerial picture taken on October 8, 2015 shows the "New Jungle" migrants camp where some 3,500 people live while they attempt to enter Britain, near the port of Calais, northern France. The slum-like migrant camp sprung up after the closure of notorious Red Cross camp Sangatte in 2002, which had become overcrowded and prone to violent riots. However migrants and refugees have kept coming and the "New Jungle" has swelled along with the numbers of those making often deadly attempts to smuggle themselves across the Channel. AFP PHOTO DENIS CHARLET
Acampamento conhecido como Jungla, em Calais, já abriga 6 mil imigrantes

A cidade Calais, na França, abriga um grande acampamento de imigrantes, conhecido como Jungla. Localizada no ponto do Canal da Mancha mais próximo da Inglaterra, atrai aqueles que sonham em entrar no Reino Unido através do Eurotúnel. Estima-se que já são seis mil pessoas no local, numa mescla de refugiados provenientes do Afeganistão, Síria, Iraque, Eritreia e de outras áreas em conflito, à espera de uma oportunidade que não chega.
Emmanuelle_Béart_3_(2009)A degradante situação em que vivem os imigrantes motivou um manifesto publicado nesta quarta-feira (21) no jornal Libération, assinado por 800 artistas e intelectuais franceses. O documento, que pede dignidade para os imigrantes, está respaldado, entre outros, pela atriz Emmanuelle Béart (foto), o ex-jogador de futebol e ator Eric Cantona, os cineastas Costa-Gavras, Jean-Luc Godard e Michel Hazanavicius, o sociólogo Edgar Morin e o economista Thomas Piketty.

A carta, colocada na plataforma change.org, denuncia a situação “em que se encontram mulheres, homens e crianças, esgotados por uma terrível viagem, abandonados a sua sorte em favelas, com comida escassa, acesso quase impossível a chuveiros ou banheiros”.
Precisamente hoje o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, fará sua sétima visita a Calais, depois de admitir na terça-feira (20) que o acampamento “não pode ser um espaço de vida duradouro para os imigrantes”. Jungla congrega atualmente o dobro de pessoas de três semana atrás, segundo informe do jornal Le Figaro.
Segundo o ministro, “ninguém ficará sem abrigo nos próximos meses”, ao dizer que o governo francês investiu mais de 13 milhões de euros para financiar uma centro de acolhida que oferece “500 chuveiros e 2.000 refeições por dia”.
Os autores do manifesto criticam que o governo delegou o acampamento a associações humanitárias e voluntários, sob o pretexto de que condições de vida menos inumanas poderiam provocar um “efeito chamada”, ou seja, atrair novos migrantes.
Essa postura, na opinião deles, “é vergonhosa em um país que, inclusive no período de crise, segue sendo a sexta potência econômica mundial”. “Decidimos tomar a palavra juntos para dizer não à situação reservada aos mais privados de seus direitos na França: os exilados de Calais. (…) Pedimos de forma solene ao governo um vasto plano de urgência para tirar Jungla de Calais da indignidade em que está”, concluem.
O número de imigrantes no acampamento duplicou nas últimas três semanas devido à dificuldade para chegar no Reino Unido através do Eurotúnel, depois que os governos francês e inglês acordaram, em julho, em aumentar a segurança na fronteira após sucessivas tentativas massivas de entrada. Segundo a prefeitura de Calais, também pelo incremento de solicitantes de asilo que tem chegado à Europa nos últimos meses.

La Jungla franca
Imigrantes vivem em condições precárias em Jungla

A polêmica por conta do estado das instalações do acampamento aumentou com a publicação, esta semana, de um estudo segundo o qual a maior parte da área está numa zona chamada Seveso (nome de uma cidade italiana que ficou conhecida na década de 70 por conta de um acidente que liberou uma substância tóxica que matou milhares de animais) por seu nível de risco químico.

One thought on “800 artistas e intelectuais franceses apelam: “Dignidade para os imigrantes de Calais”

  • 30 de novembro de 2016 em 22:12
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    Sei que a vida de imigrante não é fácil, já fui imigrante e conheçon as dificuldades de uma pessoa que sai do seu país de origem.
    Tenho uma página no facebook, nela dá pra conhecer melhor Portugal a realidade da vida Num Pais estrangeiro… deixei o link pra vocês conhecerem.

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