Não esqueçamos de Aylan Kurdi. Nem das crianças que estão morrendo tentando chegar à Europa depois dele

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Milhares de refugiados estão desembarcando nas ilhas gregas e muitos são crianças

Mais de 70 crianças se afogaram tentando chegar a Grécia desde a morte do pequeno Aylan Kurdi há quase dois meses, incluindo sete na última quarta-feira à noite (28/10), como informou a ONG Save the Children à agência de notícias Europa Press. A ONG adverte que o número pode continuar a aumentar à medida que milhares de refugiados e migrantes continuam empreender a perigosa viagem durante o inverno.
A ONG adverte que “no inverno atravessar o mar é ainda mais perigoso, as crianças costumam a ficar encharcadas e tremendo quando conseguem chegar à praia, o que aumenta o risco de hipotermia devido à falta de abrigo adequado nos campos de trânsito”. A equipe da Save the Children tem relatado como crianças “tremes, com mãos e lábios azuis, necessitando de tratamento hospitalar.”
Entre janeiro e outubro de 2015, mais de meio milhão de pessoas chegou às ilhas gregas, o que representa um aumento de 1.370% em relação a 2014. Todos os dias, ao redor de 8 mil pessoas desembarcam na Grécia e 23% delas são crianças, que muitas vezes não podem nadar e não levar os coletes adequados.
Aqueles que conseguem chegar às ilhas, enfrentam muitos perigos nos campos de trânsito, onde muitas vezes são separadas de seus pais no processo caótico de registro. Segundo os profissionais de Save the Children os pequenos não conseguem dormir à noite por falta de abrigo e roupa adequada para se manter aquecido.
As previsões indicam que, como o inverno se aproxima, a temperatura na área poderá chegar a zero grau. “Embora a rota entre a Turquia e a Grécia seja curta, a água é muito perigosa e isso pode causar mais mortes. Precisamos de rotas seguras para os refugiados que querem ir para a Europa, para evitar que pessoas morram na estrada”, diz Kate O’Sullivan, da equipe Save the Children equipe em Lesbos, ilha grega onde diariamente desembarcam refugiados e se recolhem corpos dos que se afogam.
“Para as famílias que vêm para Lesbos e outras ilhas, o governo e organizações como Save the Children estão fornecendo a ajuda que é possível, mas existem milhares de pessoas chegando diariamente e não há espaço suficiente para todos. Eu tenho visto as crianças dormindo na lama, cobertas com papelão e alguns com os lábios e mãos roxos. A situação vai piorar com a progressão do inverno”, acrescentou O’Sullivan.
Noticiar e denunciar é preciso! Não esqueçamos de Aylan Kurdi. Nem das crianças que continuam morrendo afogadas tentando chegar à Europa depois dele.

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