Polícia da Macedônia usa gás lacrimogênio para barrar refugiados

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Muitas crianças precisaram de atendimento por problemas respiratórios após ação policial

A situação na fronteira entre Grécia e Macedônia está cada vez mais complicada. Nesta segunda-feira (29), a polícia macedônica disparou gás lacrimogêneo contra cerca de 300 refugiados sírios e iraquianos que tentavam ultrapassar a barreira entre os dois países no posto fronteiriço de Idomeni. Após terem forçado um cordão policial grego, os migrantes atravessaram a via-férrea e danificaram uma parte da barreira de arame farpado que impede a passagem para a Macedônia.
Alguns refugiados atiraram pedras contra a barreira e polícias macedônios responderam disparando gás lacrimogêneo, segundo informações das agências de notícias Lusa e France Presse. Os migrantes recuaram e numerosas crianças afetadas por problemas respiratórios em função da inalação do gás tiveram que ser atendidas. Segundo a organização não-governamental Médicos do Mundo (MdM), no local, “pelo menos 30 pessoas pediram tratamento, entre as quais numerosas crianças”.
Mais de 7 mil migrantes estão retidos em Idomeni após as restrições impostas pela Macedónia e países dos Balcãs e da União Europeia quanto ao número de pessoas autorizadas a entrarem nos seus territórios. Do total, “40% são mulheres e crianças”, indicou Viki Markolefa, dos MdM, sublinhando que o número de pessoas é quatro vezes maior que a capacidade dos dois campos instalados na área.
A fronteira foi fechada hoje após as autoridades de Skopje (capital da Macedônia) terem deixado passar 300 migrantes. A Macedônia é o primeiro país da “rota dos Balcãs” escolhido pelos migrantes que atingem as ilhas gregas oriundos da costa da Turquia e que pretendem seguir para a Europa central e do norte.
Após as restrições impostas na semana passada pela Áustria, Croácia e Eslovénia, três países da União Europeia (UE), bem como pela Macedônia e Sérvia, que limitaram o número de entradas nos dois países, a Grécia advertiu que o atual número de refugiados no seu território, atualmente em cerca de 22.000, poderá subir rapidamente para 70.000. Segundo a comunicação social grega, o Governo de Atenas vai reunir-se hoje para elaborar um “plano de emergência” para tentar ultrapassar a situação. Atenas tem protestado com frequência contra as “decisões unilaterais” de vários países da UE, nomeadamente contra a Áustria, face à crise migratória.
Na sexta-feira passada (26), o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apelou a uma “partilha proporcional” das responsabilidades por todos os Estados membros para que se possa preservar a união da Europa. Por seu lado, a chanceler alemã, Angela Merkel, reafirmou no domingo que a UE “não pode deixar cair a Grécia no caos” devido ao fluxo migratório.

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