Polícia francesa destrói parte do campo de refugiados de Calais

Calais desmantelamento
ONGs estimam que cerca de 3,4 mil pessoas foram desalojadas, entre elas 445 crianças, sendo 305 desacompanhadas

Polícias iniciaram o desmantelamento parcial do campo de refugiados em Calais, no norte de França, na manhã desta segunda-feira (29), segundo informações de agências de notícias europeias. As operações na zona sul da chamada “Selva” de Calais começaram depois de a justiça francesa dar luz verde à demolição.
Há registo de confrontos entre polícia, migrantes e ativistas. Segundo informações da agência de notícias Reuters, a polícia lançou gás lacrimogênio contra cerca de 150 migrantes e ativistas que tentaram impedir a operação atirando pedras. Três abrigos improvisados foram incendiados e um ativista britânico foi detido.
Várias ONG informaram o jornal The Guardian que a polícia fez um pré-aviso aos residentes do campo, que teriam apenas uma hora para o abandonar a área. Caso não o fizessem, seriam detidos. “As pessoas foram informadas de que tinham de sair, caso contrário seriam presas. Muita gente estava confusa, saindo com seus sacos de dormir. Não sei para onde estavam indo”, afirmou uma porta-voz da organização britânica Help Refugees.
Na quinta-feira (25) passada, o Tribunal de Lille confirmou uma ordem do Governo francês para expulsar os migrantes que vivem na parte sul do acampamento de Calais, embora algumas infra-estruturas sociais improvisadas – como escolas ou teatros – devam permanecer intactas.
As autoridades francesas afirmaram no início do mês que pretendiam desmantelar parte da “Selva” de Calais, avisando que entre 800 e mil migrantes teriam que abandonar o campo. O ministro do Interior Francês, Bernard Cazeneuve, afirmou na semana passada que as autoridades francesas iriam trabalhar em conjunto com organizações humanitárias para recolocar os migrantes em contentores ou em outros centros de acolhimento em França.
Apesar disso, o número de migrantes afetados pelo desmantelamento da parte sul da “Selva” de Calais poderá ser muito maior do que o informado pelas autoridades francesas. Várias ONG estimam que o número real corresponda a cerca de 3,4 mil pessoas, onde se contam 445 crianças, 305 delas desacompanhadas, segundo o The Guardian.
Os habitantes da “Selva” de Calais vêm sobretudo de países em conflito no Oriente Médio, como a Síria, Iraque ou Afeganistão, assim como de países africanos como a Eritreia ou o Sudão. Grande parte destas pessoas tem como objetivo atravessar o Canal da Mancha e chegar a Inglaterra, muitas vezes com a ajuda de traficantes que lhes permitem entrar no país ilegalmente.
A decisão de destruir parte da “Selva” de Calais levou a Bélgica a restabelecer o controle das suas fronteiras, com receio de que um grande fluxo migratório se possa dirigir para o porto belga de Zeebrugge.

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