“Se não queremos ver estas imagens, temos que deixar de produzi-las”

Bebe Mediterraneo
A frase acima foi divulgada em comunicado emitido na última segunda-feira (30) pela ONG alemã Sea-Watch junto com a foto do cadáver de um bebê encontrado no canal da Sicília por sua equipe de resgate. Na operação, realizada na sexta-feira, outros 24 corpos de refugiados provenientes da Líbia que tentavam chegar à Europa através da costa italiana foram tirados do mar. Estima-se que 45 pessoas tenham perdido a vida no naufrágio enquanto 135 foram resgatadas com vida.
A difusão da foto, de autoria da agência de notícia Reuters, tem o objetivo de persuadir as autoridades europeias a assegurar uma passagem segura para os migrantes. Entre quarta e sexta-feira da semana passada cerca de 900 pessoas, muitas delas crianças, morreram no canal da Sicília, segundo informações da ONG Médico Sem Fronteiras.
A foto do bebê morto sensibilizou muita gente nas redes sociais e também dirigentes de jornais europeus. O catalão ARA estampou a imagem na capa da edição impressa hoje e publicou editorial intitulado “A foto que não queríamos haver de publicar nunca”, no qual explica porque decidiu destacá-la. “É uma imagem impressionante, impossível de ignorar. Somos conscientes da sua dramática dureza. Como a ONG alemã Sea-Watch cremos que não mostrá-la é esconder uma realidade duríssima que a União Europeia está tolerando”, explicou o jornal.
Em entrevista ao jornal Daily Mail, o integrante da equipe de resgate que retirou o corpo da criança da água falou emocionado. “Parecia uma boneca na água, com os braços estendidos. Peguei o bebê cuidadosamente no colo e o sol brilhou nos seus olhos claros”, contou Martin. Ele disse que começou a cantar para reconfortar a si mesmo e dar algum tipo de sentido àquele momento incompreensível, desolador. “Fazia poucas horas que aquela criança ainda era viva”, lamentou.
Pouco se sabe da história do bebê, cujo corpo foi entregue pela Sea-Watch à marinha italiana sem chegar a determinar se era um menino ou uma menina o se seus pais estavam entre os sobreviventes do naufrágio. Na mesma operação foi recolhido o corpo de uma outra criança. No comunicado, além de ressaltar a importância da divulgação de imagens como esta, ONG pediu a União Europeia vias legais e seguras para frear a tragédia no Mediterrâneo.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (31), em Genebra, na Suíça, para tratar sobre a crise migratória, o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), William Spindler, disse que “2016 é particularmente mortífero”. “Perderam-se 2.510 vidas durante os cinco primeiros meses do ano, contra 1.855 no mesmo período do ano passado”, relatou.
Dos 204.000 que chegaram à UE este ano, três quartos, essencialmente sírios e afegãos, alcançaram a Grécia antes do final do mês de março. Desde então as chegadas à Grécia diminuíram de forma muito significativa devido ao acordo entre Bruxelas e Ancara.
Em relação ao fluxo para Itália, 46.714 migrantes foram registados desde janeiro, mais ou menos o mesmo número que em 2015, segundo o ACNUR. A quase totalidade dos migrantes que chegam a Itália vem da África subsaariana.
Spindler assinalou que “a rota entre o Norte de África e a Itália é consideravelmente mais perigosa” e que este ano já morreram 2.119 dos migrantes que tentavam fazer aquela viagem.

One thought on ““Se não queremos ver estas imagens, temos que deixar de produzi-las”

  • 5 de junho de 2016 em 17:08
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    Todas as vezes que vejo nos jornais as imagens de crianças e adultos refugiados mortos no Mar Mediterrâneo fico completamente chocada por não entender depois de mais de 5 anos de conflitos as mesmas imagens se repetem, a situação é grave e ainda existe pessoas que por ter um cargo político se acha no direito de ser contra qualquer tipo de ajuda. ser solidário e ter um caráter voluntário é para poucos mais , mesmo assim estão fazendo a diferença todos os esforços é insuficiente para quem está desesperado e só ver o mar como caminho de escape, é sem dúvida nenhuma uma tragedia gostaria muito de ser voluntária mais sei que não ajudaria pois já estou chorando, ‘Sr. Martin nunca se esqueça através do senhor e da equipe da qual o senhor faz parte sempre estará abertas para eles o caminho da esperança e de libertação. Delineamos o que entendemos o que seja uma civilização humana em que a assistência em sua totalidade seja necessária e urgente neste momento e que a valorização a vida seja o principal objetivo e resultado a ser alcançado.

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